Eu usei as regras de gramática inglesa. Preciso mesmo checar no Google?

Quando uma pessoa está acostumada com uma língua, ela sabe se o que alguém disse ou escreveu soa natural ou não. Se você ouvir uma  pessoa dizer “Eu ingeri uma cerveja bastante gelada”, provalvemente vai desconfiar que é estrangeiro ou, no mínimo, alguém com jeito de se expressar bem diferente do seu. Ou iIngeri uma cerveja bastante geladamagine que você pergunta a alguém “Como você foi pro trabalho hoje?” e ela responde “Eu utilizei o carro”. Meio estranho?

A gente não usa muito “Eu utilizei o carro” pra dizer que foi de carro a algum lugar. As pessoas em geral falam só “Fui de carro”, “De carro”, “Dirigindo”, “Com o carro”. E a outra – “Hoje no almoço eu ingeri uma cerveja bastante gelada”? Que tal “eu tomei uma cerveja”, ou “eu bebi uma cerveja”? E quanto a “bastante gelada”… Entendi, mas “muito gelada” ou “estupidamente gelada” seriam bem mais comuns, não?

É lógico que essa situação acontece em todas as línguas com pessoas que estão aprendendo (ou até com quem ensina, às vezes) e que, por ter estudado “inglês de livro” ou por não ter se exposto o suficiente, ainda não absorveram as estruturas naturais do idioma.

Um dia eu recebi um texto de uma pessoa que queria colaborar com o blog. Ele tinha escolhido alguns idioms bem bacanas para explicar na dica. Quando eu fui ler o artigo, percebi que um dos exemplos que ele tinha colocado não soava natural. O exemplo tinha uma construção que, deu pra ver, era artificial e feita por alguém cujo “ouvido” para o inglês ainda não estava muito afiado. Dava pra entender o que o exemplo queria dizer e até dava para dizer que a gramática estava correta… Mas a construção soava awkward (=desajeitada, não-natural), mais ou menos como os exemplos que dei acima.

 

“VOCÊS VIAJAR COM AVIÃO?”
Aqui vai outro problema frequente: quem já ouviu estrangeiro falando português, especialmente aquele estrangeiro que está no Brasil não faz muito tempo, certamente já escutou coisas assim. “O casa”, “a ônibus”, “viajei pelo motocicleta” e por aí vai… e é claro que a gente entende a dificuldade.  “Que preposição eu uso”, por exemplo, é uma das perguntas mais frequentes dos alunos de inglês. Nosso problema com artigos do inglês só não é tão grande porque no inglês as coisas não tem gênero: é THE e A/AN pra todo mundo.

Muitos dos nossos erros, quando iniciamos no inglês, derivam da tendência natural de passar as coisas do português para o inglês. E antes que você fique bravo com você mesmo e pense “Tenho que parar de traduzir”, leia as dicas Como Falar Inglês e bote em prática o melhor que puder. Tradução mental acontece enquanto a gente não sabe o quê mais fazer; é natural, e se você tentar parar de traduzir mentalmente, o inglês correto vai começar a aparecer na sua mente como um passe de mágica? Acho que não ;) Você precisa é de mais input compreensível, e quando você começar a adquirir mais e mais inglês, vai ver como esse negócio de “tradução mental” diminui e as coisas começam a ficar mais automáticas — incrível.

Alguns exemplos de coisas que às vezes dizemos no início do aprendizado: “We don’t can”, “She likes of apple”,  “I’m study Geography”. Nesses casos, as construções não são apenas awkward; são bem erradas mesmo. Mas esses são erros básicos que quem continua tendo contato com inglês acaba corrigindo. Só que tem algumas coisinhas que continuam sendo fonte de incerteza, mesmo para quem avança nos estudos. O inglês tem um vocabulário gigantesco e um número enorme de phrasal verbs e expressões idiomáticas. Até quem se expõe ao inglês por várias horas todo dia, como eu, quer ter certeza de que uma determinada preposição é a que combina melhor com esse ou aquele verbo. A americana Lori Linstruth, que eu entrevistei para o blog um tempo atrás, disse que não dispensa o Google para verificar o uso de preposições e outras palavrinhas.

Seja para ter certeza da preposição correta ou para saber se a frase que eu quero usar soa mesmo natural e é de fato uma collocation, quase todo exemplo que eu uso nos posts passa por uma verificação no Google. E é claro que quanto mais inglês você sabe, mais simples fica essa verificação, mas não se engane… Mesmo pessoas com conhecimentos mais básicos podem sim usar o Google pra verificar o que estão escrevendo, tirar dúvidas, descobrir qual é a preposição correta depois ou antes de certa palavra, e encontrar exemplos de uso de uma expressão, por exemplo. Basta saber usar a ferramenta da melhor maneira possível.

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Ana

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(2) comments

Janot Lellis Moura 12/06/2021

Great Job you´re doing here! Muito bom.. sou professor de Inglês e continuo – sempre – em busca de mais informações e conhecimento com o objetivo de continuar sempre “in touch” e aprendendo mais e mais!

Reply

    Olá, Janot
    Eu concordo plenamente. O estudo é constante. Eu costumo dizer isso sempre: never stop learning.
    Feliz de receber o seu depoimento. Muito obrigado.
    Sucessos.

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