Todo mundo que já morou no exterior sabe que, mais cedo ou mais tarde, acontecem situações cômicas, desastrosas e/ou embaraçosas que refletem a nossa falta de conhecimento sobre a cultura ou língua local. Se você nunca teve uma experiência assim, é só procurar algum brasileiro que já morou fora, ou algum estrangeiro que está no Brasil há pouco tempo, e perguntar… é garantido que você vai ouvir alguma estória.
Algumas semanas atrás a Paula contou sobre suas experiências em Dublin, Irlanda, e outro dia, no Twitter, o Douglas Oliveira começou a falar de uma das situações mais comuns enfrentadas por quem estudou inglês no Brasil e vai para fora: chega lá, e cadê aquele inglês bonitinho da escola?
– How are you?
– I’m fine, thanks. How are you?
– I’m fine, thank you. What’s your name?
– My name is José da Silva.
– Nice to meet you, José. My name is John.
Conversa vai, conversa vem, e o Douglas acabou contando um pouco do que ele encontrou lá em Johannesburg, África do Sul:
South Africa é um caldeirão de culturas, com 11 línguas oficiais. Graças a essa variedade toda o inglês acaba sofrendo mutações e se torna bem diferente do inglês que conhecemos: às vezes nem um cidadão britânico ou norte americano consegue se comunicar direito.
Os descendentes de inglês falam o British English, e os descendentes de holandês fala afrikaans, além de inglês com sotaque muito forte.
Já os negros misturam inglês com línguas locais, o que resulta numa salada às vezes incompreensível. Isso acontece porque eles aprenderam primeiro sua língua mãe, e o inglês veio depois.
Por exemplo, para perguntar How are you? eles dizem HOWZIT BRU? E quando se despedem, dizem SHARP, SHARP. Levou um tempo até eu entender essa expressão, mas, hoje em dia, o fato de eu ter aprendido algumas palavras que vem do idioma zulu faz muita diferença quando me comunico com um negro sul africano.
Quando cheguei aqui em 2008, demorou três semanas para que eu entendesse o significado de ROBOT – não fazia o menor sentido para mim. Hoje é tranquilo: quando alguém fala ROBOT, sei que querem dizer TRAFFIC LIGHT (semáforo). Outro exemplo é crédito no celular. Eu dizia credit mesmo, até perceber que aqui eles chamam isso de AIRTIME.
Eu comecei esta dica de pronúncia com algo que testemunhei nos EUA, e é claro que eu também tenho as minhas estórias Na primeira vez que fui à Inglaterra, com 18 anos, o rapaz da loja me entregou a blusa que eu tinha comprado e perguntou uma coisa assim: Would you like to keep the hanger? (Você quer ficar com o cabide?) Não teve jeito de eu entender. Ele repetiu umas quatro vezes e na última eu entendi, mas aí ele já tinha desistido e guardado o cabide.
Particularidades na pronúncia, o sotaque, gírias locais, ou simplesmente maneiras de agir a que não estamos acostumados… Tudo isso são coisas que alguém num país novo vai encontrar. Ouça o Tim Barrett, um americano que cresceu no Brasil, falando sobre diferenças culturais, e a opinião do professor canadense Steve Ford (que também já morou no Brasil).
Se você já morou fora ou conhece gente nessa situação, quais são suas estórias? Quais são suas dicas para facilitar a adaptação à língua e à cultura locais? Escreva contando!
Sharp sharp!
Ana criou um blog de dicas de inglês em 2006, e depois de muito pesquisar o que faz alguém ganhar fluência numa segunda língua, criou seu primeiro curso de inglês em 2009.